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Hábitos orais deletérios – O que é isso?
O tema que estarei abordando é sobre os hábitos orais deletérios, sendo facilmente encontrados na população, principalmente nas crianças. Entretanto, esses hábitos acabam trazendo consequências ainda na infância como na fase adulta. Então, o que são hábitos orais deletérios? Quais são os principais hábitos orais? Como eles podem prejudicar?
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Vou estar respondendo essas perguntas e quero transmitir esse conhecimento para vocês pais, que geralmente, não sabem que esses hábitos causam alterações nas estruturas orofaciais de seus filhos. Ainda porque é importante conhecermos os aspectos que estão envolvidos com o hábito, sendo os aspectos emocionais os mais encontrados e que podem ser o mantenedor do hábito.
O que são Hábitos Orais Deletérios?
Os hábitos orais são padrões de contração muscular aprendidos e tornam-se deletérios, prejudiciais por causa da repetição constante. O hábito é reflexo da repetição de um ato agradável, o qual traz uma sensação de prazer.
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Por ser algo que traz prazer, o hábito oral é difícil de ser deixado e por isso prolonga o tempo do hábito, podendo alterar as estruturas orofacias, como: lábios, língua, dentes, palato, entre outras. Acarretando em danos para as funções que necessitam dessas estruturas, que são: a fala, a mastigação, a sucção, a deglutição e a respiração.
Quais são os principais hábitos orais?
Os principais hábitos orais que se tornam deletérios pela repetição e prolongamento desse hábito são:
- Os hábitos de sucção não nutritiva – como a sucção digital (chupar o dedo) e a chupeta;
- Os hábitos de sucção nutritiva artificial – o uso da mamadeira;
- Os hábitos de morder – como onicofagia (roer a unha), bruxismo e morder objetos;
- Os hábitos funcionais – como deglutição atípica, alteração na fala e respiração oral. Sendo que os hábitos funcionais, normalmente, são consequência de um outro hábito oral anterior, como o uso da chupeta.
O que esses hábitos podem prejudicar?
O hábito oral se torna prejudicial quando o indivíduo começa a apresentar alterações em sua estrutura oral e em suas funções. É preciso levar em consideração três fatores sobre esses hábitos deletérios, que são:
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- Intensidade (a força aplicada durante a sucção);
- Frequência (o número de ocorrências do hábito durante o dia);
- Duração (a quantidade de tempo dedicado ao hábito).
A partir desses fatores, pode-se avaliar o quanto o hábito está se tornando prejudicial, pois conforme vai aumentando o tempo, mais consequências e resultados ruins o hábito deletério vai trazer.
Quando prolongados, os hábitos deletérios começam a modificar a estrutura orofacial, podendo modificar a arcada dentária, modificar a face, a musculatura de bochechas e lábios ficam flácida, a língua se apresenta mais flácida e em uma posição errada.
Em consequência a essas alterações, o indivíduo apresenta modificações nas suas funções estomatognáticas (sucção, deglutição, mastigação, respiração e fala).
Principais alterações que os hábitos orais deletérios causam:
- Alteração na oclusão dentária;
- Palato ogival;
- Posicionamento inadequado da língua;
- Interposição lingual;
- Ausência de selamento labial;
- Escape oral de saliva;
- Flacidez da musculatura orofacial;
- Prolongamento na face;
- Alteração na fala: ceceio;
- Respiração oral;
- Deglutição atípica;
- Mastigação imatura;
- Disfunção temporomandibular (DTM)
Fonoaudiologia X Hábitos Orais Deletérios
A fonoaudiologia tem uma área chamada Motricidade Orofacial que trata as funções do Sistema estomatognático, estudando os diversos tipos de intervenção dos aspectos estruturais e funcionais das regiões orofacial e cervical.
Essa área traz o conhecimento sobre as estruturas orofaciais e cervicais, possibilitando a compreensão do desenvolvimento adequado das funções estomatognáticas, sendo estas: sucção, mastigação, deglutição, respiração e fala.
Os hábitos orais deletérios estão relacionados aos distúrbios de motricidade orofacial, alguns dos distúrbios são: flacidez dos órgãos fonoarticulatórios, respiração oral, alteração na movimentação e posicionamento da língua, alteração na musculatura perioral e fonoarticulatória.
Os hábitos orais estimulam contrações musculares anormais, acarretando em alterações durante a sucção, deglutição e fonação. Ainda podem causar alteração na musculatura labial, provocando ausência de selamento labial, levando a criança a estabelecer um padrão de lábios entreabertos ou abertos, desenvolvendo o hábito de respiração oral.
Quando o hábito oral prevalece por tempo inadequado, pode trazer impactos negativos sobre o desenvolvimento da fala da criança, sendo a limitação do balbucio, da imitação de sons e da emissão de palavras, levando a uma vocalização distorcida, prejudicando sua comunicação.
Quero ressaltar que não é proibido dar a chupeta, ou a mamadeira, entretanto quando for oferecer não deixe a criança ser dona desse objeto. Coloque limites, e principalmente, não deixe prolongar esses hábitos, pois se tornaram deletérios. Não deixe passar de dois anos, pois a partir dessa idade, já começam as alterações.
Concluindo:
O recado que deixo para vocês pais, tios, avós e próximos a um bebê e uma criança, muitas vezes nós deixamos que a criança possua um hábito oral deletério, achando que não é nada sério, e ás vezes por ser mais cômodo, ou porque é bonitinho, ou até porque a criança quer. Mas não percebemos o quanto isso pode atrapalhar a vida da criança, seu desenvolvimento e até seu amadurecimento.
Por isso, se seu filho tem algum hábito oral deletério e você não sabe o que fazer, procure ajuda, busque informação. E se seu filho apresenta alguma alteração nas estruturas orofaciais e nas funções do sistema estomatognático, procure um fonoaudiólogo, para que este faça uma avaliação e se for necessário, que seu filho faça terapia e corrija precocemente.
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TANIGUTE, C. C. Desenvolvimento das Funções Estomatognáticas. In: Fundamentos em Fonoaudiologia. Ed. Guanabara Koogan S.A, Rio de Janeiro, RJ. 2005. 2º ed.
Bacharel em Fonoaudiologia pela UFSC
Cursando Pós-graduação em Neuropsicopedagogia clínica pela UNILAS
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