Sinais de autismo: além dos estereótipos como identificar
O autismo é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e reconhecer seus primeiros indícios pode ser desafiador para muitas mães. Compreender esses sinais de autismo nas fases iniciais é fundamental, pois um diagnóstico antecipado pode abrir portas para intervenções que farão toda a diferença no desenvolvimento da criança.
Segundo dados recentes do CDC (Center for Disease Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, a prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem aumentado significativamente ao longo dos anos. Em 2004, a estimativa era de que 1 em cada 166 crianças fosse identificada com TEA. Esse número foi reduzido para 1 em 88 em 2012, e para 1 em 59 em 2018. Atualmente, os dados mais recentes de 2023 indicam que 1 em cada 36 crianças de 8 anos nos Estados Unidos foi diagnosticada com TEA em 2020.
Essa crescente prevalência levanta questões sobre se o aumento reflete um verdadeiro crescimento nos casos de TEA ou se é resultado de um maior acesso ao diagnóstico e de melhores práticas de identificação. A maioria dos pesquisadores acredita que o aumento no número de diagnósticos é impulsionado principalmente por uma maior conscientização e acesso a serviços de saúde.
Além disso, há uma diferença significativa na prevalência de TEA entre os sexos. De acordo com os dados mais recentes, os meninos têm quase quatro vezes mais chances de serem diagnosticados com TEA do que as meninas. No entanto, pela primeira vez, mais de 1% das meninas de 8 anos foram identificadas com TEA, refletindo um avanço na detecção em meninas, que historicamente têm sido subdiagnosticadas.
Os primeiros sinais de autismo
Os sinais de autismo geralmente aparecem nos primeiros anos de vida. Entre os sinais mais comuns, estão a falta de contato visual, o atraso na fala e a repetição de comportamentos, como balançar as mãos ou alinhar objetos. No entanto, é importante lembrar que o autismo é um espectro, o que significa que cada criança pode apresentar sinais diferentes em intensidade e combinação.
Muitas mães se preocupam ao perceber que seus filhos não estão atingindo marcos de desenvolvimento no mesmo ritmo que outras crianças. Se esse for o seu caso, é importante consultar um pediatra para discutir essas observações. Profissionais de saúde podem realizar triagens e, se necessário, encaminhar para especialistas que podem fazer um diagnóstico mais detalhado.
O diagnóstico de autismo envolve uma avaliação completa, que pode incluir observações do comportamento da criança, entrevistas com os pais e testes padronizados. Embora receber um diagnóstico de autismo possa ser um momento difícil, ele também é o primeiro passo para acessar as intervenções e o suporte necessários para o desenvolvimento da criança. Lembre-se, o autismo não define o potencial do seu filho, e com as estratégias certas, ele pode alcançar grandes conquistas.
Uma obra recomendada para mães, pais e profissionais que desejam entender mais profundamente o autismo é o livro “Autismo: Humano à Sua Maneira”, de Barry M. Prizant e Tom Fields-Meyer. Prizant, um especialista de renome, traz uma perspectiva inovadora sobre o TEA, sugerindo que, em vez de tentar suprimir os sintomas, devemos focar nas causas emocionais por trás do comportamento das pessoas autistas. Ele descreve o autismo não como uma doença, mas como uma forma única de ser humano, proporcionando uma visão mais humanizada e acolhedora sobre o espectro.
Terapias que transformam
Uma vez identificado o autismo, a pergunta que muitas mães fazem é: “E agora, o que fazer?” A boa notícia é que existem diversas terapias e intervenções que podem ajudar a criança a desenvolver habilidades importantes e a lidar melhor com os desafios do dia a dia.
A terapia comportamental, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), é uma das mais recomendadas para crianças com autismo. Essa abordagem trabalha com reforço positivo para ensinar novas habilidades e reduzir comportamentos indesejados. A ABA é altamente individualizada e pode ser adaptada para atender às necessidades específicas de cada criança.
Outra intervenção importante é a terapia ocupacional, que ajuda a melhorar as habilidades motoras e a coordenação, além de auxiliar a criança a realizar atividades diárias de forma mais independente. Muitas vezes, a terapia ocupacional inclui atividades sensoriais que ajudam as crianças a lidar com a sensibilidade a estímulos, como sons ou texturas, que são comuns em crianças autistas.
A fonoaudiologia também desempenha um papel crucial, especialmente para crianças que têm dificuldades com a comunicação. Através dessa terapia, a criança pode aprender a se expressar de forma mais eficaz, seja por meio da fala, de gestos ou de outras formas de comunicação alternativa.
Além dessas terapias tradicionais podem ser inseridas na rotina da criança, quando se identifica os sinais de autismo. Muitas mães buscam terapias complementares, como a musicoterapia, a equoterapia e a arteterapia. Embora as evidências científicas sobre a eficácia dessas terapias variem, muitas famílias relatam benefícios significativos. O mais importante é encontrar as intervenções que melhor atendam às necessidades e aos interesses do seu filho.
É fundamental que as mães se sintam apoiadas durante todo esse processo. Participar de grupos de apoio, conversar com outros pais que estão passando pela mesma situação e buscar informações de fontes confiáveis podem fazer uma grande diferença. Lembre-se de que você não está sozinha nessa jornada, e que há muitos recursos disponíveis para ajudar.
Inclusão na prática
Um dos maiores desafios para mães de crianças autistas é garantir que seus filhos sejam incluídos e aceitos tanto na escola quanto na sociedade. A inclusão é um direito fundamental, mas muitas vezes é necessário lutar para garantir que ele seja respeitado.
No ambiente escolar, é essencial que a criança receba o suporte necessário para aprender e participar plenamente das atividades. Isso pode incluir a presença de um mediador escolar, adaptações no currículo, ou a implementação de um Plano Educacional Individualizado (PEI). Mães podem e devem se envolver ativamente no processo educacional, colaborando com professores e a equipe escolar para garantir que as necessidades de seus filhos sejam atendidas.
Além disso, educar os colegas de classe e promover um ambiente de aceitação e respeito é crucial. Muitas escolas realizam programas de conscientização sobre o autismo, que ajudam a criar um ambiente mais inclusivo. Essas iniciativas não apenas beneficiam as crianças autistas, mas também promovem uma cultura de diversidade e respeito entre todos os alunos.
Fora da escola, a inclusão social também é uma preocupação. Para a criança que manifesta sinais de autismo, participar de atividades comunitárias, como grupos de brincadeiras, aulas de esportes ou arte, pode ser uma oportunidade valiosa para as crianças autistas desenvolverem habilidades sociais e se sentirem parte da comunidade. No entanto, é importante que esses ambientes sejam acolhedores e que os adultos responsáveis estejam cientes de como apoiar uma criança.
Para muitas mães, a inclusão social também significa lutar contra o preconceito e os estereótipos. Infelizmente, o desconhecimento sobre o autismo ainda é comum, e muitas pessoas podem não entender as particularidades dessa condição. Promover a conscientização e educar a sociedade sobre o autismo é uma forma poderosa de criar um mundo mais inclusivo para todos.
De mãe para mãe…
Criar um filho com autismo é uma jornada única, repleta de desafios, mas também de muitas alegrias e conquistas. Como mãe, seu papel é fundamental na vida do seu filho, desde o reconhecimento dos sinais de autismo, passando pela escolha das terapias adequadas, até a luta por uma inclusão plena na sociedade.
Ao longo dessa jornada, é essencial lembrar que você não está sozinha. Há uma comunidade de pais, profissionais e recursos disponíveis para apoiar você e seu filho. Informar-se, buscar apoio e defender os direitos do seu filho são passos cruciais para garantir que ele tenha a melhor qualidade de vida possível.
O autismo pode apresentar desafios, mas com amor, apoio e as estratégias certas, seu filho pode florescer e viver uma vida plena e significativa. Juntos, podemos superar os estereótipos e garantir que cada criança autista tenha a oportunidade de mostrar todo o seu potencial ao mundo.
Sou uma mulher que acredita em Deus desde criança. Sempre sonhei em casar e ter filhos. Sou esposa e mãe, apaixonada por leitura e culinária. Founder do Mamãe & Cia.