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Os limites na educação da criança

No assunto de hoje iremos abordar um tema de fundamental importância que percebo na atualidade, no consultório, se referindo a educação de crianças, que são os limites. Cada vez mais as dificuldades que os pais encontram em saber utilizar esta ferramenta para a auxiliar seus pequenos no desenvolvimento parece que vem crescendo.  Como e quando saber a hora de dizer sim e a hora de dizer não?

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A culpa paterna

pai culpa

A falta de limites por parte dos pais cria crianças que pensam ter o poder nas mãos. Elas acham que podem fazer tudo, sem ter que pagar pelas consequências de seus atos. Infelizmente, muitas crianças nunca ouviram um não de seus pais, e isso traz muitos prejuízos para o seu amadurecimento. Pois, dessa forma, elas não aprendem a conviver com as frustações.

Ao dizer não, muitos pais ficam se sentindo culpados. Na tentativa de diminuir o sentimento de culpa concedem aos filhos um poder de decisão e escolha por coisas que conseguem fazer na infância. Perguntam onde querem jantar, o que querem comer, para onde querem ir, onde querem sentar. Crianças ainda não conseguem fazer esse tipo de reflexão, de saber o que é bom para si.

Limites são uma forma de expressar amorCriança-brincando-de-voar

A tendência é de que crianças e adolescentes que vivem sem limites, não sintam-se amados. Sentem como se os pais não se importassem com eles, uma vez que não se importam com o que eles fazem. Inseguros afetivamente usam do mau comportamento para chamar a atenção dos pais.

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É função dos pais a responsabilidade de decidir, orientar e falar um “não”, com firmeza quando necessário e de ter paciência com seus filhos. É imprescindível que os pais ajam em sintonia na educação dos filhos, sendo assertivos e utilizando do bom senso. Com isso a criança poderá aprender valores importantes e necessários para sua vida adulta, compreendendo a importância de ser solidária, de partilhar, de respeitar a si mesma e aos outros, de ter compromisso e responsabilidades com seus atos.

Saliento a importância dos pais entenderem que não podem abster as crianças das frustrações, pois é dessa forma que elas amadurecem e se tornam aptas para enfrentar a vida, tornando-se jovens e adultos saudáveis e seguros.

No livro “Limites sem trauma”, de Tania Zagury, a autora desmistifica o que é e o que não é dar limites.

Dar limites é…limites1

  • Ensinar que os direitos são iguais para todos;
  • Ensinar que existem OUTRAS pessoas no mundo;
  • Fazer a criança compreender que seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros;
  • Dizer “sim” sempre que possível e “não” sempre que necessário;
  • Só dizer “não” aos filhos quando houver uma razão concreta;
  • Mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não podem ser feitas;
  • Fazer a criança ver o mundo com uma conotação social (conviver) e não apenas psicológica. Exemplo: o meu desejo e o meu prazer são as únicas coisas que contam;
  • Ensinar a tolerar pequenas frustrações no presente. Então, no futuro, os problemas da vida possam ser superados com equilíbrio e maturidade. A criança que aprende hoje a esperar sua vez de ser servida à mesa amanhã, não considerará um insulto pessoal esperar a vez na fila do cinema ou aguardar três ou quatro dias até que um chefe dê um parecer sobre sua promoção;
  • Desenvolver a capacidade de adiar satisfação. Exemplo: se não conseguir emprego hoje, continuará a lutar sem desistir. Caso não tenha desenvolvido esta habilidade, agirá de forma insensata e desequilibrada, partindo, por exemplo, para a marginalidade, o alcoolismo ou a depressão;
  • Evitar que seu filho cresça achando que todos no mundo têm de satisfazer seus mínimos desejos e, se tal não ocorrer, não saber lidar bem com a contrariedade. Tornando-se, aí sim, frustrado, amargo ou, pior, desequilibrado emocionalmente;
  • Saber discernir entre o que é uma necessidade dos filhos e o que é apenas desejo;
  • Compreender que direito à privacidade não significa falta de cuidado, descaso, falta de acompanhamento e supervisão às atividades e atitudes dos filhos, dentro e fora de casa;
  • Ensinar que a cada direito corresponde um dever e, principalmente…
  • Dar o exemplo. Quem quer ter filhos que respeitem a lei e os homens tem de viver seu dia-a-dia dentro desses mesmos princípios. Ainda que a sociedade não tenha apenas indivíduos que agem dessa forma.

Dar limites NÃO é…Angry mother sitting with her daughter on the sofa

  • Bater nos filhos para que eles se comportem. Quando se fala em limites, muitas pessoas pensam que significa aprovação para dar palmadinhas, bater ou até espancar;
  • Fazer só o que vocês, pai ou mãe, querem ou estão com vontade de fazer;
  • Ser autoritário. Dar ordens sem explicar o porquê. Agir de acordo apenas com seu próprio interesse, da forma que lhe aprouver, mesmo que a cada dia sua vontade seja inteiramente oposta à do outro dia, por exemplo;
  • Deixar de explicar o “porquê” das coisas, apenas impondo a “lei do mais forte”;
  • Gritar com as crianças para ser atendido;
  • Deixar de atender às necessidades reais (fome, sede, segurança, afeto, interesse) dos filhos, porque você hoje está cansado;
  • Invadir a privacidade a que todo ser humano tem direito;
  • Provocar traumas emocionais. Toda criança tem capacidade de compreender um “não” sem ficar com problemas. Desde que, evidentemente, tenha razão de ser e não seja acompanhado de agressões físicas ou morais. O que provoca traumas e problemas emocionais é, em primeiro lugar, a falta de amor e carinho, seguida de injustiça, violência física. Bater nos filhos é uma forma comum de violência física, que, em geral, começa com a palmadinha leve no bumbum, humilhações e desrespeito à criança.

 

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Os limites ajudam a formar a estrutura da personalidade dos filhos e portanto, devem ser aplicados com todo cuidado. Com certeza não é uma tarefa simples, além de ser de muita responsabilidade, faz parte da educação de um filho. Dar limites é amar, é oferecer cuidado e se importar!

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