skip to Main Content

O olhar da janela: o que ele comunica para você? — dia 39

olhar da janela - quarentena

Quem imaginaria que em 2020 estaríamos vivendo um ano histórico. Nem nos mais tenros sonhos ou horríveis pesadelos  isso passaria na nossa cabeça. Como trabalho com livros, sei que surgiram alguns que “previram” esses acontecimentos, mas a verdade é que a literatura assente que o escritor viaje à vontade e sem destino. Espiar o futuro não é algo que nos é permitido por isso muitos usam do famoso jargão: “o futuro a Deus pertence”.

Anúncio
Receba dicas e conteúdos sobre gravidez, maternidade e criação de filhos. Compartilhando aprendemos mais

Quando reflito sobre a reclusão penso em como as pessoas que moram casa são felizes. Talvez elas nem se deem conta da bênção que é ter um jardim e uma garagem para as crianças brincarem, andar de bicicleta e fazer outras atividades que gastem energia.

No início da quarentena mantive as crianças totalmente em casa, quem acompanha o diário sabe dos poucos dias que deixei que eles saíssem e principalmente da insegurança de permitir que eles colocassem o nariz para fora de casa. Depois de 20 dias é que eles colocaram o pé para fora de casa para dar uma volta no quarteirão e pegar sol. Desde então, alguns dias deixo que eles brinquem na grama do condomínio desde que não conversem com ninguém e estejam sozinhos. São apenas 30 minutinhos que eles têm um pouco mais de liberdade para correr e gastar energia do jeito que puderem.

Anúncio

Hoje, decidimos nos juntar à eles e nós quatro brincamos de bola na grama. Confesso que a preguiça é maior então quase não corro, os dias sem academia têm me deixado mais inerte, rs! Mas durante a nossa brincadeira, teve uma hora que olhei para o prédio ao meu lado e avistei uma garotinha, seu olhar da janela dedurava uma vontade louca de brincar e correr. Parecia coisa de filme, que a criança se sente presa dentro de casa, sabe? Cortou meu coração.

Passamos por momentos tão difíceis, sinceramente, acho que aquela mãe me xingou mentalmente: “da onde já se viu tirar as crianças de casa neste período de quarentena?” Eu já fiz essa mesma pergunta e agora mordo a minha língua. As crianças ainda não circulam pela cidade, só para deixar claro. Elas brincam na grama apenas, quem dera morássemos numa casa para que elas tivessem liberdade para correr pelo jardim. Aquela coisa, fazemos o melhor que podemos para que possam passar por essa fase da melhor forma possível.

Se uma criança já me deixou com o coração partido, voltando pro nosso apartamento, olho e encontro o olhar da janela de outra criança, cheio de energia e imagino que louco para descer brincar de bola também.

Anúncio

É difícil dizer e fazer entender que não devemos nos misturar ainda. Fico imaginando como será depois: as crianças aprenderão a manter a distância social? Até que ponto isso é bom? O amor vai esfriar?

Vi tantos vídeos da troca de olhar através da janela na Itália, pessoas impossibilitadas de visitarem umas às outras. Esse olhar da janela corta a alma, pensamentos e nos faz refletir sobre como sentimos falta das pequenas coisas da vida.

Na Roma antiga já falava-se que a população precisava de pão e circo — comida e entretenimento —  enquanto eles tivessem isso estava tudo bem. Mas de verdade, eu acredito que precisamos muito mais do que apenas isso. Claro, precisamos do nosso trabalho, exercer nossa profissão, como somos seres relacionais precisamos de convívio, afeto, carinho e amor. Entretenimento nós temos de sobre em pleno século XXI, o que é Netflix, Instagram, sites de receitas, tutoriais no YouTube, isso não nos é suficiente. Precisamos que alguém nos olhe além da janela, que penetre em nossas almas, nos ame e valorize-nos. As pessoas precisam cada vez mais da presença, mesmo que não seja fisicamente presente.

Anúncio
Diário de uma mãe em quarentena
1. O dia que parecia que não tinha fim – dia 12
2. A sociedade que não existirá mais – dia 13
3. Uma tempestade em dia de sol — dia 14
4. Nada como um dia após o outro – dia 15
5. Home school: desafio imposto pelo coronavírus – dia 16
6. O renovo de um abraço – dia 17
7. Como dispensar o tédio na quarentena? – dia 18
8. O motivo que nos fez sair de casa: vitamina D – dia 19
9. As dores do ócio na quarentena – dia 20
10. Uma arca chamada casa – dia 21
11. Esperança por dias melhores e a Páscoa – dia 22
12. Tradição que marcou a história da humanidade – dia 23
13. Profundas reflexões ou pirações de uma mãe em quarentena! – dia 24
14. Páscoa em família durante a quarentena – dia 26
15. Segunda-feira nossa de cada semana – dia 27
16. Quando circunstâncias preocupantes invadem a mente – dia 28
17. A loucura virou rotina com o vírus chinês – dia 29
18. 30 dias em quarentena e um novo normal – dia 30
19. As respostas que ninguém tem – dia 31
20. É possível se sentir livre e leve dentro de casa? – dia 32
21. A privação da liberdade não acabou – dia 33
22. Borbulhas – dia 34
23. Vassoura em busca do sindicato – dia 35
24. Aulas práticas de química na maternidade – dia 36
25. Jejum de palavras negativas – dia 37
26. Coisas simples da vida que fazem a diferença – dia 38
27. O olhar da janela: o que ele comunica para você? — dia 39
28. Quarenta dias de um diário de uma mãe em quarentena – dia 40
29. Paciência: a palavra da quarentena – dia 41
30. A brevidade dos nossos dias – dia 42
31. Dias e dias: os altos e baixos da quarentena – dia 44
32. Senhor avestruz e sua cara de paisagem – dia 48
33. Um dia exclusivo para as meninas – dia 53
34. Dia das Mães na quarentena – dia 54
35. Quando a falta de perspectiva bate na porta – dia 55
36. Desistir ou não, eis a questão? – dia 56
37. Detalhes contém um grande significado – dia 57
38. Peço licença para um pequeno desabafo – dia 58
39. Mozart e o poder do foco – dia 59
40. Sessenta dias em quarentena – dia 60

Sábado, 25 de abril de 2020

Anúncio
Back To Top