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Inverno: Como lidar com as doenças que acometem as crianças

doenças de inverno - coriza

Só de pensar que o inverno e que as baixas temperaturas estão chegando gera um arrepio em muitas mães. Isso porque nesse período as crianças costumam estar mais sujeitas as infecções e doenças típicas dessa época, não é mesmo? Em entrevista, o médico pneumologista Tiago Neves Veras, do Hospital Materno Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, responde algumas perguntas sobre as principais doenças que costumam acometer nossos filhos durante a estação.

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[BLOG] Gostaria de começar conversando com você sobre as doenças comuns do inverno como dor de garganta e de ouvido. Como podemos identificar com qual das duas nosso filho está?

Dr. Tiago As crianças por volta dos 3 ou 4 anos já começa a verbalizar a maioria das queixas, ela vai referir a dor de ouvido ou dor de garganta e essas queixas eles podem sim traduzir uma inflamação de ouvido que é a otite, e a inflamação de garganta que é a amidalite . Já a criança menor, abaixo de 2 anos, ela não consegue verbalizar de forma tão clara, então ela vai ter outros sintomas gerais: febre, perda de apetite, esses são os principais sinais dos sintomas de alerta que a mãe deve estar atenta para prevenir essa doença.

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[BLOG] Quais as opções de tratamento para esse tipo de doenças?

Dr. Tiago Na verdade o tratamento dessas doenças é uma boa hidratação, uso de medicação como anti-inflamatório, como são quadros de agentes virais, não há necessidade de antibiótico. Eventualmente quando existe sim, além da doença viral com associação com a doença bacteriana o uso de antibiótico indicado pelo pediatra.

[BLOG] É possível que após sarar uma dor de ouvido, venha outra em curto prazo de tempo? Porque isso ocorre?

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Dr. Tiago Não é a questão de espaço tão curto de tempo, como a criança costuma ser vista por profissionais diferentes em um intervalo tão curto de tempo, cada um vê uma foto da criança naquele momento, então a tendência natural dele é dizer que a criança está com uma infecção, mas por exemplo uma criança que está com infecção no ouvido, leva de 8 a 12 semanas pra ter seu exame de ouvido como ideal, e o mesmo ocorre com a garganta. O melhor, pra evitar esse tipo de confusão é que a criança seja sempre vista pelo mesmo pediatra, assim ele pode ter uma ideia evolutiva de como a criança vem passado ao longo dos dias. Pode acontecer casos recorrentes de dor de ouvido sim, principalmente em crianças que são muito alérgicas, crianças que fazem o uso do bico, crianças que tomam mamadeira deitada ou crianças que frequentam creches.

[BLOG] Existe um dito no senso comun que antibiótico enfraquece os dentes, é verdade? Se caso uma criança ficar doente logo em seguida, há algum outro tratamento que não seja com antibiótico?

Dr. Tiago Sim, o uso de antibiótico não é que enfraquece os dentes, é que o uso recorrente do antibiótico pode estar associada a algumas alterações na camada mais externa do dente, isso naquelas crianças que já tem a dentição formada; nas crianças em que os dentes ainda estão em erupção, pode, por ventura, nascer já com alguns problemas. A grande alternativa do antibiótico, na verdade você só vai usar esse tipo de medicação quando houver uma evidência clara de infecção por bactérias, na ausência dessa evidência, vai ter que usar medidas como: repouso, antigripais e anti-inflamatórios e aumento da ingestão de líquido, principalmente no inverno.

[BLOG] Dores no ouvido  frequentes é preocupante. O que fazer? Quando há necessidade de cirurgia?

Dr. Tiago Primeira é se acalmar. Como falei antes, dor de ouvido e dor de garganta são sintomas, a criança maior vai referi pra gente. Só vamos pensar numa cirurgia quando houver evidência de uma condição, uma doença que não melhore com todas essas medidas que a gente sugeriu, que não melhora com o tratamento adequado, aí se considera a possibilidade de uma cirurgia. Depois das otites (dor de ouvido) recorrentes e nas amidalites (dor de garganta) recorrentes, você tem uma falha no tratamento clínico se considera a possibilidade de uma cirurgia.

[BLOG] Agora falando um pouquinho da sua especialidade. O que faz uma criança adquirir pneumonia?

Dr. Tiago A pneumonia é uma infecção muito comum, talvez essa época do ano seja uma das doenças que mais acomete os pequenos, é o somatório de vários fatores: criança que ingressa precoce na creche, que convive com pais tabagistas, que está com a nutrição inadequada, que está com seu esquema de vacinação atrasado; todos esses são fatores que podem estar associados, fatores de risco pro desenvolvimento de pneumonia. É claro que existem outras doenças, doenças de base como nós chamamos, crianças que já tem imunodeficiência como fibrose cística, HIV, crianças que são muito prematuras, crianças que tem cardiopatia (problemas no coração) são essas crianças que possui risco de adquirir pneumonia.

[BLOG] A pneumonia pode evoluir de uma gripe comum?

Dr. Tiago Normalmente ela não tem essa associação causal, mas a criança que fica muito tempo com sintomas gripais, ou está melhorando de uma gripe e logo em seguida cai com outros sintomas diferentes, tem que pensar que ela pode estar além do quadro gripal, fazendo um novo quadro de infecção, daí sim, pneumonia por bactérias.

[BLOG] Como diferenciar a pneumonia da tosse comum?

Dr. Tiago A pneumonia na criança ela tem alguns sinais de alerta que são a febre persistente, normalmente acima de 39°/40°, palidez, evidência de esforço respiratório – a criança evidentemente respira com dificuldade, está cansada, com a respiração pesada – e o que chama mais atenção é aquela criança que o estado geral está muito caído. Aquela criança que você medica pra febre, mas ela continua quietinha, ela continua sem comer, ela está muito diferente do normal que ela é, e isso cabe muito da percepção dos pais, que tem papel fundamental em identificar e captar essa situação

[BLOG] O mais importante de tudo é como nós mães podemos prevenir para que essas doenças não cheguem até nossos filhos?

Dr. Tiago Ideal vem lá de trás, a mãe que teve uma gestação adequada, gestação livre de cigarros, uma mãe que opta por fazer um parto vaginal, que opta por fazer o aleitamento materno exclusivo pelo menos até o sexto mês e de preferência complementado por outras comidas até o segundo ano de vida. Aquela mãe que opta por ingressar com seu filho na creche o mais tardiamente, próximo ao um ano de vida. Além de manter seu calendário de vacinação atualizado, evitar exposição demasiada ao frio, sem estar devidamente preparado. Evitar o máximo o contato com tabagistas. Esses são cuidados básicos que estão ao nosso alcance e que podem traduzir boa saúde respiratória.

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Esclarecedor, não é mesmo? Às vezes nem perceber que as pequenas atitudes é que podem ajudar nossos filhos a desfrutarem de uma boa saúde. Se ainda ficou alguma dúvida, pode deixar seu comentário que tentaremos responder brevemente.

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