Quando pensamos em tarefa escolar, a imagem que surge é frequentemente a de uma criança…
De vilã à mocinha: como tornar a Matemática a disciplina preferida dos pequenos
Com alguns ajustes, é possível fazer com que a disciplina não se transforme em um bicho-papão, mesmo durante o ensino remoto
Quem nunca suou as mãos ou teve uma dor de barriga diante de uma prova de Matemática? Não é novidade que a disciplina é uma das mais temidas pelos alunos, sobretudo quando passa a exigir mais de crianças e adolescentes. Porém, com alguns ajustes, tanto em casa, como na escola, é possível estudar Matemática sem traumas e sem medos.
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“Normalmente, o aluno traz consigo um preconceito de que a Matemática não é legal, de que é uma disciplina para poucos – ou você é bom em matemática, ou você não é! Somado a esse fato, temos ainda conteúdos que exigem de nossos estudantes uma maior compreensão. Percebemos a necessidade de a escola trabalhar a disciplina de forma que faça sentido para o aluno. Devemos, enquanto professores, estarmos atentos à realidade de nossa sala de aula, partindo de conhecimentos prévios de nossos alunos, a fim de buscar a equidade, transmitindo a cada um o que precisa. Somente dessa forma, poderemos mostrar que a Matemática vai além de nossa sala de aula, que possui uma relação direta com a sociedade que estamos inseridos. É importante que tenhamos professores preparados para trabalhar com uma matemática visual, criativa e encorajadora. Professores que desenvolvam em seus planos de aula estratégias que levem os alunos à compreensão. Que “façam boas perguntas’, que promovam reflexões críticas, que ofereçam ferramentas adequadas a seus alunos, tornando-os protagonistas do seu próprio aprendizado”, ressalta a professora Marilda de Souza, especialista em formação docente do Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento do Colégio Positivo (CIPP).
Como não desenvolver o medo?
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Ainda que a Matemática seja temida por muitos estudantes, nos primeiros anos de vida escolar, ela é só mais uma disciplina que, inclusive, boa parte das crianças aprecia. Assim, para que o menino, ou a menina, não desenvolva aversão à matéria no futuro, é importante que haja parceria entre família e escola.
No que diz respeito à escola, é prioridade admitir que existem diferentes formas de pensar a Matemática. “Hoje, em situações-problema, por exemplo, o professor precisa compreender como o aluno chegou ao resultado, valorizando as estratégias utilizadas e não apenas o resultado final”, explica a assessora dos Anos Iniciais de Matemática do Colégio Positivo, Cleonara Diemeier. Já no que diz respeito à família, a professora lembra que é importante que os pais não façam comentários negativos em relação à disciplina e não transfiram para os filhos eventuais medos e frustrações que tenham ou já tiveram. “A autoestima tem impacto direto no desempenho. Muitos alunos não atingem bons resultados na Matemática, mas percebemos que muitas vezes é uma “falsa dificuldade”. Ou seja, o problema não é a disciplina, mas sim a baixa autoestima. Por isso, trabalhamos com incentivo, por meio de elogios, para promover as conquistas de cada aluno e fazer ele perceber que é capaz e tem potencial”, constata.
Meu filho já tem medo. E agora?
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Para quem já tem filhos que não gostam de Matemática, a palavra é paciência. O professor particular nem sempre é a melhor opção, visto que ele pode ter uma metodologia conflitante com a da escola e ainda virar uma “muleta”, fazendo com que o estudante não se interesse pelas aulas regulares, visto que sabe que contará com este auxílio. Na opinião da professora Cleonara, uma boa estratégia seria os pais conversarem com o corpo docente, transmitindo à equipe o que seu filho relata em relação ao aprendizado dessa disciplina. Assim, o professor poderá compartilhar com a família como vê a relação do aluno com a Matemática. “É um processo de desconstrução de traumas ou medos, no qual é necessário investigar o que pode aproximar o aluno da Matemática”, sugere, e ressalta: “a afetividade do professor tem papel fundamental nesse processo”.
Ensino remoto. E agora?
O ensino remoto nem sempre é um elemento dificultador, mesmo para disciplinas consideradas difíceis, como a Matemática. De acordo com a professora Cleonara, a modalidade remota causou mais dificuldades para as gerações X ou Millennial, do que para a geração Z. “Para as crianças, aprender de diferentes maneiras desperta o interesse. Ouvi de um aluno na aula presencial ‘professora, em sala eu nunca tinha coragem de perguntar e participar, mas o ensino remoto me ajudou a mudar, lá eu fazia as perguntas, inicialmente no bate-papo, depois fui abrindo o áudio e agora acho que sou um dos que mais participam e estou conseguindo fazer isso em sala’. Nossos professores estão buscando despertar o interesse, valorizando conquistas dos alunos, trabalhando o raciocínio lógico e a autonomia, mesmo por trás de uma telinha”, relata.
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Segundo Cleonara, nesse momento é ainda mais importante que pais passem segurança para seus filhos. “Eles devem mostrar que as crianças têm capacidades, que nem todos temos as mesmas habilidades e gostos por uma ou outra área do conhecimento, mas que precisamos e somos capazes de nos superarmos frente a cada uma dessas áreas, realizando conquistas”, conclui.
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