Quando pensamos em tarefa escolar, a imagem que surge é frequentemente a de uma criança…
Cada criança tem seu ritmo na alfabetização
Já parou para pensar que não se deve comparar crianças e adolescentes durante esse processo?
A alfabetização é uma fase encantadora, de muitas descobertas, tanto para as crianças quanto para os pais e os professores. Atualmente é compreendida como um processo cognitivo de construção de conhecimentos e de apropriação da base alfabética. Por isso envolve a elaboração e a superação qualitativa de hipóteses pelo estudante e requer o respeito ao tempo e ao ritmo de cada criança com base nas mediações e nas vivências oferecidas.
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Emilia Ferreiro (2000) ‒ estudiosa da educação com livros publicados no Brasil, sendo um dos mais importantes Psicogênese da língua escrita ‒ afirma que a criança, ao tomar contato com os sistemas de escrita por meio de processos mentais, reinventa esses sistemas, realizando um trabalho de compreensão da construção e de suas regras de produção/decodificação.
Segundo Ferreiro, o processo de construção da escrita desenvolve‐se de acordo com diferentes fases, a saber: pré-silábica, silábica, silábico-alfabética, culminando na fase em que é atingido o estágio da escrita alfabética, o que ocorre, geralmente, no início do Ensino Fundamental. No entanto, cada criança possui seu próprio ritmo nesse processo, apresentando uma evolução individualizada na aprendizagem escolar. O ritmo de aprendizagem tem relação com inúmeros fatores, como o desenvolvimento biológico e emocional, as vivências e as experiências da criança, a valorização da leitura e da escrita nos ambientes que frequenta, as estimulações e as mediações realizadas.
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Um aspecto muito relevante é que a insegurança pode interferir de forma significativa no processo de aprendizagem, especialmente na fase da alfabetização. A expectativa e a cobrança excessiva dos adultos acabam impactando no desenvolvimento da criança. Por isso, o alinhamento das ações da equipe escolar e a parceria da família são tão importantes, considerando a formação integral do ser humano e o desenvolvimento de suas potencialidades. Cabe destacar que a alfabetização é um processo gradativo, que deve ocorrer de maneira assertiva propondo ações estratégicas, lúdicas e individualizadas e não aguardando o clique ou “virar a chave”.
A participação dos pais é fundamental, reforçando e valorizando as tentativas de escrita e de leitura da criança, analisando os progressos obtidos, destacando as conquistas. Porém, para alguns é inevitável comparar seus filhos com os pares, seja ao conversar com outros pais, seja ao ouvir o filho contando que um colega da turma leu ou escreveu em sala de aula ou até mesmo constatando tal fato em uma atividade de que participou na escola. Muitos pais mostram-se ansiosos e preocupados ao comparar o próprio filho com os demais colegas que já estão lendo ou escrevendo, chegando a questionar: “O que estou fazendo de errado? Tem algo errado com meu filho? Será que a escola está desempenhando bem seu papel?”. Cabe destacar que a confiança na metodologia da escola é extremamente importante, bem como o respeito ao ritmo de aprendizagem de cada criança. Por esse motivo deve-se comparar o próprio desempenho apenas, considerando os critérios propostos para a etapa educativa ou período. O acompanhamento sistemático permite verificar os avanços do estudante, os pontos que precisam ser retomados, bem como as estratégias individualizadas que podem ser colocadas em prática de modo a potencializar o desenvolvimento de cada criança.
Em minha experiência como docente no Colégio Bom Jesus, observo como os pais são orientados nas reuniões e nos atendimentos individualizados com os responsáveis pelos alunos. A temática é abordada considerando os avanços do estudante: como ingressou na série, quais avanços vem apresentando, analisando o contexto individualizado e os fatores que possam interferir nesse processo.
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Quando a escola explica isso e as ações coletivas e individuais que estão sendo praticadas, os pais compreendem melhor e passam a auxiliar por meio de estratégias lúdicas, de modo que a criança veja sentido nesse processo. Em casa, passam a ler mais, mandar bilhetes, criar listas de compras, jogos de rimas, entre outros, atribuindo função social ao processo de leitura e escrita.
Assim, pode-se concluir que não é possível esperar que todas as crianças, ainda que da mesma faixa etária, evoluam da mesma maneira no processo de alfabetização. Vale ressaltar que a parceria da família e da escola fará toda a diferença nessa etapa tão relevante do desenvolvimento infantil, permitindo o crescimento pleno de cada indivíduo.
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Por: Lia Ebiner, assessora pedagógica do Colégio Bom Jesus
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